Relato de uma Intercambista de Rotary

Segue relato de Letícia Barcelos Picado, intercambista do RC Pinda Princesa do Norte de seu intercambio na Alemanha e que irá retornar a Alemanha para cursar medicina.

Joaquim Araujo

RC Pinda Princesa do Norte

"O melhor ano da minha vida.“ Com esse início, poderiam ser descritos os anos de muitos intercambistas que, como eu, passaram por experiências que só quem vive é capaz de entender. Dito isso, meus esforços em tentar expressar o quão maravilhosa me foi a oportunidade dada, sem cair no clichê e no lugar-comum, nunca serão lá muito eficazes. Não obstante, das tentativas de agradecer e retribuir ao Rotary da forma que puder por esse ano, dessas nunca desistirei. E espero que essa determinação possa dar idéia do quanto o Intercâmbio de Jovens foi decisivo nos mais diversos aspectos da minha vida. O crescimento pessoal, a sensação de ter transposto com sucesso cada obstáculo...olhar para trás e ver quantos amigos, quantas lembranças, quantos lugares, quanta coisa conquistei, tudo isso são apenas alguns dos benefícios de ser intercambista. Mas sob uma perspectiva mais pessoal, o mais gratificante é perceber quão atrelados a esse ano mágico estão os próximos passos da minha vida, inclusive em âmbito profissional. Peço assim licença para mostrar como. De janeiro de 2009 a janeiro de 2010 estive na Alemanha, graças a meu clube anfitrião, Rotary Club Pindamonhangaba - Princesa do Norte. Morei na região central, estado de Thüringen, nos arredores da capital, Erfurt. É um pequeno estado da antiga Alemanha Oriental, e curiosamente, sua cidade mais conhecida é Weimar. Erfurt, a capital, mantém ares medievais, com apenas 200 mil habitantes e uma catedral indescritível como principal ponto turístico, além de uma ponte habitada que remete ao século VIII e dá nome a meu clube anfitrião. Cheguei sem conhecimento algum da língua, e nesse estágio, o suporte do clube foi decisivo para o meu sucesso em aprendê-la o mais rápido possível. Sempre tive total apoio e confiança por parte de conselheiros e demais rotarianos, e ao longo do ano, criamos laços fortes. Ia, por vontade própria, a todas as reuniões, e como canto desde pequena, passei a ser atração musical de todos os eventos rotarianos da cidade! Além disso, me foram oferecidos vários estágios, essenciais na minha escolha profissional. Estive em várias estações de um hospital de Erfurt, como Ginecologia, Neurologia e Traumatologia e pude acompanhar de perto 30 cirurgias!

Conheci 11 países, 7 durante o Eurotour, organizado e supervisionado pelos ex-intercambistas do Rotex; os demais com minhas famílias ou até mesmo, no caso de Portugal, com a família do Presidente do meu clube anfitrião. Quanto às famílias, tive três, as duas primeiras em pequenas vilas, de 400 e 1000 habitantes, respectivamente. A princípio, morar em lugares tão pacatos não parecia sorte tão grande quanto a de outros intercambistas, indício de que nem tudo foi assim tão fácil. Mesmo assim, guardo boas recordações de ambas as famílias, praticamente sem atritos. Por sugestão de um rotariano que se ofereceu durante minha apresentação anual (sobre o Brasil) para me receber, passei a morar no centro antigo de Erfurt na última etapa do intercâmbio, de longe a mais importante. E com minha terceira família me sinto realmente "da família". Tanto que, graças à ajuda dos Kölmel mais um sonho acaba de se tornar possível, o de estudar Medicina na Alemanha, o próximo grande passo de minha vida. Em agosto, 7 meses após minha volta ao Brasil, estarei de volta ao país que me abrigou e foi palco de tantas memórias e aprendizados. Tudo isso seria inimaginável há 2 anos atrás, e mais uma vez, aproveito a oportunidade para agradecer sinceramente não só ao Rotary como instituição, mas especialmente a todos os companheiros do Princesa do Norte, por serem responsáveis por tudo isso. A todos os que pensam em fazer intercâmbio, ou deixar que seus filhos façam um intercâmbio, espero que esse pequeno relato do meu ano sirva de incentivo nessa tão importante decisão!